Oficina mecânica sustentável

Oficina mecânica sustentável

Em 1987, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, liderada pela primeira ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland, apresentou um relatório crítico sobre o modelo de desenvolvimento com o título “Nosso Futuro Comum”, que ficou mais conhecido como Relatório Brundtland. Foi com esse relatório que nasceu o conceito de Desenvolvimento Sustentável. Entretanto, foi apenas na Cúpula da Terra, em 1992, realizada na cidade do Rio de Janeiro, que o tema tornou-se o principal norteador para a disseminação de novos paradigmas de desenvolvimento. Em outras palavras, uma atividade sustentável é aquela que, em tese, poderia existir eternamente, pois sua execução atual não compromete as ações futuras. Por exemplo, um automóvel movido a gasolina não é sustentável, pois o petróleo extraído, que dá origem ao combustível, não se renova e, um dia, vai acabar. Assim, quanto mais se dirige com combustíveis fósseis, mais restrito será o acesso das futuras gerações ao petróleo. Dirigir um carro movido a etanol, como contraponto, é uma atitude sustentável. O combustível é feito a partir da cana de açúcar, que pode ser cultivada de forma benéfica ao meio ambiente. Assim, como se trata de uma fonte renovável de combustível, o uso atual não compromete o futuro, o que faz do etanol um produto sustentável. Empresas também podem ser sustentáveis, desde que não comprometam suas operações futuras. Este é o aspecto econômico da sustentabilidade. Portanto, uma atividade sustentável é aquela na qual os aspectos ambiental, econômico e social estão em equilíbrio.

Nos últimos anos, o assunto sustentabilidade vem despontando na mídia, na academia e nas empresas, não só devido à crescente preocupação com o meio ambiente, mas também devido à conscientização de que esta é uma mudança de postura necessária para que as empresas permaneçam no mercado. Em breve, as mudanças relacionadas à sustentabilidade terão de ser adotadas pelas empresas por força da legislação. Além disso, o tema sustentabilidade tem apresentado ótimas oportunidades de negócios para pequenas, médias e grandes empresas. Esses negócios são recentes, se comparados às empresas que atualmente são sua maior fonte de insumos, como as petrolíferas, mas, pouco a pouco, estão se multiplicando. Segundo uma estimativa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), as cadeias produtivas envolvidas com descarte de resíduos movimentam R$ 22 bilhões por ano, no Brasil. É um cenário promissor para qualquer empreendedor. Entretanto, amassar latinhas não precisa ser a alma do seu negócio para poder se beneficiar dessa indústria. Com um descarte de resíduos inteligente, o que no seu caso é lixo, para outra pessoa é matéria-prima. É o caso de uma empresa de logística reversa de embalagens de São Paulo/SP. Ela coleta de oficinas mecânicas, fabricantes de óleos e recicladoras as embalagens plásticas, tão nocivas ao meio ambiente. Enfardado, o material é vendido para a fabricação de outros produtos, como fios e cabos elétricos. É uma relação na qual os dois lados ganham: as oficinas têm um descarte correto de materiais, evitando multas, poluição e danos à imagem, enquanto a empresa de logística reversa cuida da coleta e destinação. Atualmente, a preocupação com a sustentabilidade faz parte da agenda global de multinacionais e países, e isto garante um cenário mundial favorável a empreendedores que queiram investir em oportunidades geradas a partir de ações sustentáveis. Entretanto, a sustentabilidade, ao contrário do que muitos empresários acreditam, não é somente uma questão ambiental, nem tampouco um assunto destinado a grandes empresas. Como se verá adiante, a responsabilidade social faz parte do tema e também requer atenção. É algo que vai além da filantropia e do cumprimento da legislação trabalhista, pois engloba os funcionários, suas famílias e a comunidade em torno da empresa. Vê se, então, que a sustentabilidade não se restringe a preservar o meio ambiente. Na verdade, é uma ídéia que permite à empresa uma convivência harmoniosa com os demais agentes da sociedade, de forma duradoura

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